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Quem pode comer deste Pão?

Texto transcrito da Homilia de Corpus Christi do Padre Cesar Acorinte

13/06/2023 às 12h13
Por: jbbarbosa Fonte: Redação BNN
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Foto Reprodução
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Queridos irmãos e irmãs, nesta manhã de quinta-feira estamos reunidos para fazer memória e atualizando não uma simples lembrança de uma noite. Mas atualizamos aquela noite, aquele dia em que Jesus quis tomar a ceia com seus apóstolos. Ele sabia o que enfrentaria e o que passaria em sua vida. Naquela noite, Jesus quis se fazer presente na igreja, se fazer presente em nosso meio, se fazendo pão, se fazendo vinho, corpo e sangue, se fazendo força para a nossa vida, força para nossa caminhada.

 

Quis permanecer sempre entre nós. Hoje, infelizmente, ficamos muito presos em o que pode e o que não pode, quem pode ou quem não pode. E a pergunta é: quem pode comer deste pão? Quem pode beber desse cálice? Quem pode se aproximar da ceia do Senhor? Quem pode se colocar em volta ao redor do altar da mesa eucarística? Jesus vem no evangelho de dizer para nós quem come deste pão viverá eternamente. No ato penitencial dessa celebração nós falávamos que Eucaristia é comunhão. Sim, Eucaristia é comunhão. Comunhão não é simplesmente o fato de você sair do seu banco, entrar numa fila e receber o corpo do Senhor. Isso é um gesto, é uma atitude. Comunhão é muito mais do que isto, comunhão - a própria palavra diz - comum união, então pode se aproximar da mesa do Senhor e comungar do seu corpo e do seu sangue quem faz comunhão.”

 

Isso é muito sério, porque comungar o corpo do Senhor é você entrar em comunhão com o corpo místico da igreja, com o corpo místico - melhor dizendo - de Cristo, que é a igreja. E todas as vezes que nós buscamos participar da comunhão sacramental, nós devemos nos lembrar da comunhão que nós devemos fazer uns com os outros. A unidade é sonho, é desejo de Jesus. Jesus não veio para dividir, não veio para separar, mas ele veio para unir as pessoas. Aproximar-se da mesa do Senhor é buscar um esforço para ser sinal de comunhão, para ser sinal de unidade. Onde nós estamos. Se eu crio divisões, seja na família, seja na comunidade - se eu crio divisões na sociedade, eu não estou sendo comunhão, não estou sendo digno de receber o corpo e o sangue do Senhor. Se eu busco ser sinal de separação entre as pessoas, se eu crio um ambiente de divisão de separação, a comunhão que eu recebo sacramental não tem nenhum sentido na minha vida. Então todas as vezes que nós nos levantarmos para irmos até o corpo do Senhor, nós devemos nos lembrar disso.

 

E hoje em dia não basta muita coisa para nós criarmos rixas e divisões entre nós. Que sentido está tendo a Eucaristia na nossa vida? Corremos o risco muito sério e grave de vivermos de uma forma - aliás - de buscarmos a Eucaristia de uma forma muito pieguista, simplesmente devocional. Porque muitas vezes nós nos ajoelhamos diante do Senhor na hóstia consagrada no vinho consagrado mas não nos ajoelhamos diante do irmão que é a imagem e semelhança de Jesus, que é a imagem e semelhança de Deus. Dobramos o joelho diante de Jesus Eucarístico mas ofendemos e magoamos o irmão. Muitas pessoas na nossa igreja infelizmente têm algumas atitudes que não são muito condizentes com aquilo que é a Eucaristia, comungam, mas não vivem a Eucaristia.

 

Não posso, Padre, receber a comunhão na minha mão porque a minha mão não é digna de tocar no corpo do Senhor. Mas e a minha língua? A minha boca? Quando eu espalho o ódio, quando eu falo mal das pessoas, quando eu denigro a imagem do meu irmão, da minha irmã, quando eu critico sem fundamento, quando eu invento situações para ofender e matar as pessoas, a minha língua é digna? A minha boca é digna? Faça-me o favor! Precisamos pensar, precisamos refletir se nós estamos sendo realmente dignos de comungar do corpo e do sangue do Senhor diante dessas nossas atitudes. E facilmente nós dizemos assim: ‘Esse ou aquele não pode’, ‘Essa ou aquela não pode’. Quem pode se aproximar da mesa do Senhor? Quem pode comungar do seu corpo e do seu sangue? Papa Francisco certa vez disse: ‘E é verdade. A Eucaristia não é prêmio para os bonzinhos. A Eucaristia é força, é remédio para aqueles que estão a caminho, para aqueles que se esforçam para viver a comunhão, para viver a unidade, para construir um mundo de paz, para construir um mundo de justiça, para construir um mundo de fraternidade. Não é mérito meu que acho ter uma vida correta e santa e o outro não. O outro vive em pecado eu não. A Eucaristia não é mérito nosso. Mas é dom. É dom de Deus.’ Então meus irmãos e minhas irmãs, se nós quisermos realmente prestar a nossa homenagem ao Cristo Vivo presente na hóstia consagrada, nós devemos refletir. Devemos parar e pensar sobre isso em nossa vida. Uma música, um canto de comunhão que fala isso: ‘Comungar é tornar-se um perigo’. Comungar é um perigo porque nós não comungamos um simples pedaço de pão ou um bocado de vinho. Mas nós comemos do corpo e bebemos do sangue do Senhor. bebemos a sua vida. Bebemos dos seus ideais. Comemos dos seus ideais.

 

Quando nós nos alimentamos, o que acontece com o alimento dentro de nós? Quando ele está sendo digerido, as proteínas e as substâncias presentes naquele alimento se misturam ao nosso organismo, nos dando força e  vida, fazendo com que o nosso corpo tenha condições de caminhar, de trabalhar. É assim que acontece quando nós comemos do corpo e bebemos do sangue do Senhor. A sua vida se mistura em nós. A sua vida se mistura em nós. Não conseguimos mais separar isso assim como não conseguimos separar do nosso corpo as proteínas e as substâncias que o alimento depois de digerido mistura-se ao nosso organismo. A Eucaristia nos une a Cristo, nos leva a estabelecer essa comunhão com o Senhor para que nós sejamos comunhão com os nossos irmãos e irmãs quando nós estamos saciados, alimentados. Como diz o mineiro: quando nós estamos de barriguinha cheia… Será que nós lembramos que há muitos dos nossos irmãos que não têm o que comer? Será que nós somos agradecidos a Deus pelo alimento que todos os dias nós temos à nossa mesa? Será que nós fazemos do nosso momento de refeição, do nosso sentar-se à mesa em família para um almoço, para um jantar, para um café? Será que nós lembramos de que há muitos irmãos nossos que não têm um pedaço de pão para se alimentar? Somos agradecidos por isso ou somos auto-suficientes para dizer: ‘Se eu tenho é porque eu conquistei, porque eu trabalhei, porque eu derramei o meu suor, porque eu construí isso e aquilo tudo mais’? Há muitas famílias e muitas casas que têm alimento com fartura e desperdiçam o alimento, jogam fora o alimento. Há muitas casas que têm carro confortável, o último do ano; muitas mansões, muitas casas bonitas bem equipadas bem mobiliadas com móveis modernos. Surge uma novidade aqui? Vai lá e compra! Você é capaz de se lembrar daqueles e daquelas que não têm um lugar para se abrigar? Quantos homens e mulheres estão morando na rua ao relento não porque escolheram isto para as suas vidas mas porque infelizmente o sistema em que vivemos é um sistema injusto, isso é pecado nós não pensamos nisso né? pecado grave, isso sim é que vai nos levar a uma condenação, isso sim é que vai nos levar a ficarmos de Fora da salvação. 

 

Na primeira leitura, Moisés fala ao povo: "Lembra-te de todo o caminho por onde o Senhor te conduziu durante estes 40 anos no deserto até chegar à terra prometida". Há muitos de nós que chegamos ou que estamos na Terra Prometida, onde corre leite e mel, pão com fartura, e não olhamos para o passado. Esquecemos do sofrimento, esquecemos das angústias, esquecemos das dores, nossas e dos nossos irmãos porque estamos confortáveis. Porque eu tenho uma casa maravilhosa, bonita, com tudo aquilo que eu quero, onde eu posso controlar o meu ar condicionado pelo celular, onde eu posso fazer isso, onde eu tenho isso, onde eu tenho aquilo. Então, quando nós estamos na nossa terra prometida, nós nos lembramos daqueles e daquelas que nada têm? Nós estamos na nossa zona de conforto. É confortável que se dane o outro? Não é problema meu? É Eucaristia, gente! É Eucaristia! Jesus vivo e descido do céu, nosso alimento, nossa força. Muitas vezes nós nos enchemos para dizer: "Graças e louvores sejam dadas a todo momento". Mas nós não estamos vivendo a Eucaristia.

 

Que a celebração de hoje seja de fato uma celebração festiva e alegre em torno do Sacramento maior da igreja que é a Eucaristia. Diante daquele que nós nos ajoelhamos. Mas que seja também um momento de nós refletirmos seriamente sobre isso: sobre este ser sinal de comunhão, de buscarmos a felicidade, o bem-estar, a alegria de todos; de sermos alimento na vida do nosso irmão e irmã. Há muitas pessoas que estão satisfeitas, confortáveis. Há muitas famílias que estão vivendo ali dentro do seu palacete mas estão com a alma e o coração vazios, sem sentido. Têm tudo de material mas não têm sentido na sua vida, porque confiam mais no bem material do que naquele bem que vai realmente nos levar, nos colocar no coração de Deus.

 

Homília da Celebração de Corpus Christi, na Paróquia Santa Teresinha de Itaú de Minas.

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